segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Máquina de escrever - 43


Foi como o vento que balançou a camisa. Você entrou pela porta e varreu tudo, toda a sujeira, tudo o que pairava no ar a sua espera e quando me tocou, fez balançar o meu cabelo, meu devaneio, meu coração.

domingo, 25 de novembro de 2012

Máquina de escrever - 42


Sim, eu sou desse tipo. Desse tipo de idiota que se apega em um dia. Em uma hora, em uma plataforma de metrô. Sou do tipo idiota que manda cartas escritas a mão, com a caneta mais bonita. Sou do tipo que envio bilhetes de guardanapo, sms ao acordar e antes de dormir. Quando eu penso, quando eu sinto... Sou do tipo de idiota que sente cada indireta, e sente como se fosse tudo o que não é. Sou do tipo de idiota que vê nas coisas a parte mais bonita, mesmo que a mesma não exista como eu penso. Sou do tipo que sente cada fisgada no peito, que chora com letras de músicas, que escreve cartas mentalmente e que não diz tudo o que pensa porque o retorno pode (e vai) doer. Sou do tipo de idiota que chora a cada despedida, e as evita, porque a saudade não é boa como parece, e a distância entre nós dois me deixa assim. Um tipo de idiota que só pensa em você. Sei que idiotas mentem, traem e fazem coisas erradas. Mas eu sou só um idiota diferente.

sábado, 24 de novembro de 2012

Máquina de escrever - 41

Você tá me dando uma vontade louca de te agarrar. De te beijar intensamente e colar meu corpo no teu. De deitar com você pra ver o céu ou só pra dormir. Ou pra ficar acordado, ou pra conversar. Vontade de te ver, de conversar por horas, de cantar pra você, de ouvir música com você. De amar você. De querer você ainda mais.

quinta-feira, 22 de novembro de 2012

Máquina de escrever - 40

As vezes me pego pensando em você, em cada risada que você me traz e cada lembrança feliz de momentos que vivi ou idealizei viver com você. E aí eu sento nesse computador e vejo suas fotos, e penso em poder tirarmos umas juntos, registrar o nosso amor, ou o meu amor. Mas talvez isso não aconteça porque você não me queira. Mas sabe, é sempre bom ter com que sonhar, e quando você aparece nos meus sonhos não há o que me acorde pra me afastar de você. 'Nothing is too cool, to take me from you', sabe? Pois é. Não há nada do que eu deseje mais do que viver ao teu lado, e encontrar nos teus braços o melhor refúgio. Caminhar ao teu lado onde nada nos atinga. Fugir para um campo cercado por árvores, um lugar lindo e perfeito pra passar ao teu lado. Será sonhar de mais? Não me importa, pois quanto mais sonhos eu tiver com você, mais perto de ti vou me sentir. Vem pra mim, me chame até você. Me dê atenção e carinho, e me permita te dar meu mundo. Eu te amo e te quero, e nada muda isso.

Máquina de escrever - 39


Eu sempre penso que não tem mais outra forma, eu sempre penso que não tem mais jeito. Eu sempre acho que pior não fica, até eu dar de cara com o degrau debaixo.

Máquina de escrever - 38


Eu te amo. Eu sei disso. Você sabe disso. Você gosta disso. Eu sei disso. Você sabe disso. Eu te quero te volta. Eu sei disso. Você sabe disso. Não quero que você fique. Eu quero que você volte e fique. Comigo e do meu lado. Eu quero que me ligue, que me ame. Quero de novo o seu abraço, o teu beijo. Eu quero você de volta. Eu preciso de você de volta. Eu quero o seu abraço. Eu me preocupo. Você gosta. Eu procuro, você gosta. Eu me declaro, você gosta também. Você assume, mas não volta. Você ama, mas não se permite sentir. Você quer, mas não se permite querer. Você arruína duas vidas em prol de uma que não vale a pena. O que deveria contar é a nossa felicidade, a sua e a minha. O resto vem em segundo plano. O resto fica bem se nós dois estivermos bem. A máscara, uma hora cai. O coração não esconde o que sente pra sempre. Costumava ser nós contra o mundo. Agora sou só eu.

domingo, 18 de novembro de 2012

Máquina de escrever - 37


Eu olho pra trás e não lhe vejo. Eu fecho os olhos e penso na nossa história. Confesso que 3 anos de coisa ruim perto de 3 meses de coisa boa, é difícil equilibrar e ver o lado bom, mas eu consigo. Eu me lembro de todos os toques, dos olhares, dos telefonemas. De cada detalhe do teu corpo e do teu jeito. Lembro da tua voz, da tua risada, dos furinhos que despontavam da tua bochecha sempre que você sorria pra mim. Ou de mim. Lembro me do teu cheiro, do teu cabelo, das tuas roupas e das tuas manias. Da forma como você tocava na minha mão e a apertava quando necessário. Da forma como você mordia teus lábios involuntariamente quando pensava em algo empolgante. Ou quando falava algo provocante. Lembro me de como eu era completo, eu transbordava. Lembro me dos filmes que nós vimos juntos, das músicas que trocamos, das cartas que ainda tenho e de todas as formas com as quais você me tocou, mesmo com suas mãos longe de mim. Pego minha mente em devaneios tidos em teu mundo, e vejo a forma com que você ainda me toca. Em tudo o que você me influenciou e que gerou em mim. A forma com a qual cresci longe de você mas por sua causa, a forma com a qual eu corto meu cabelo e visto me dos pés a cabeça. O jeito que eu sorrio. E o que eu choro. E o que eu não choro. Lembro me de você a todo o tempo, agora como algo nem bom nem ruim. Algo que aconteceu ou não. Algo que foi bom ou não. Algo que existiu ou não. Não sei até onde foi real, nem onde foi que eu acordei. Já não sei se você existe, se existiu. Se foi meu, ou se imaginei. Não sei mais porque eu acordei, mas sei que a ultima vez que eu fechei meus olhos eu não estava te vendo. E quando acordei não estava também. Enquanto durmo, você me visita. As vezes. E é por isso que eu durmo tanto. E durmo tão pouco. As vezes preciso das suas visitas. As vezes corro de você. As vezes te amo. As vezes me amo. As vezes respiro. Outras me afogo. As vezes você. As vezes eu. As vezes nós. Nunca a gente.

sábado, 17 de novembro de 2012

Máquina de escrever - 36

Feche a porta, não precisamos de mais frio. Você pode tirar o casaco se quiser, eu já vou acender a lareira. Bom, acho que estamos sem luz, então vou acender essas velas também. Ainda bem que as tenho por perto. Minha mãe achou que seria bobagem mas eu gosto. Das cores e do cheiro, apesar de que nunca as acendi. Acho que eu sempre esperei inconscientemente por uma ocasião especial, e ela inconscie
ntemente chegou. Quanto aos filmes que você trouxe, é uma pena que não tenhamos luz, mas acho que ainda tenho algum tempo de bateria no notebook. Eu vou te preparar um jantar, também estou com fome... Assim podemos jogar conversa fora, faz tanto tempo que esperei por isso... Depois podemos ir para o filme, que tal? ... Ops, a luz voltou. Mas não precisamos acendê-las. O clima das velas está excelente. Tem um lado bom agora: música. Posso colocar algo pra tocar? Que tal La Valse D'Amelie? Amo instrumentais no piano. Ou melhor ‘My Valentine’, do Paul McCartney? As duas. São ótimas companhias. Agora, deixa isso. Trás o vinho, eu pego o travesseiro. Se acomode aqui, embaixo da lareira. Tem um cobertor ali, mas acho que o seu calor me seria mais apropriado. Chega pra cá, encosta ali. Me abraça por aqui, me pega assim. Pronto, podemos ficar assim até o amanhecer. Eu te preparo um chocolate quente antes mesmo que você acorde, e você nem vai notar que ainda está na terra. Eu já saí daqui a muito tempo. Quando você me olhou, eu cheguei ao paraíso.

Máquina de escrever - 35


Já temos a nossa trilha sonora, a nossa vontade de se completar. Eu já tenho as suas promessas, você já tem a mim. Nós temos todo esse mundo, só precisamos dar a mão e seguir. Podemos ter tudo e só depende de você, o que é por mim já está feito. E o que faltar eu completo. Quero ser feliz do seu lado, quero ver você sendo feliz do meu. Quero você cada dia mais. Mais do que nunca. Dormir em você ouvindo o som do piano. Com cafunés, amor e mais carinho. Me acompanha em uma valsa?

Máquina de escrever - 34


Eu quero acreditar que você vai realizar... As suas promessas e os meus sonhos. A minha carência e o meu amor. Você vai cessar a minha inconstância, a minha solidão... Você vai selar me dando a mão. Quero acreditar nas suas palavras, nas suas frases. Na minha mente louca que imagina tudo o que eu sempre quis. Eu quero acreditar que dessa vez tudo vai ser diferente, tudo vai ser melhor, vai ser tudo verdade, eu quero acreditar que dessa vez somos só nós dois. E que isso pra nós dois basta. Um ao outro. Porque você é tudo o que eu preciso, você é tudo o que eu quero e tudo o que eu resisto. É pra você que eu existo.

Máquina de escrever - 33


 Agora eu estou aqui, deitado no escuro do meu quarto com a cabeça voltada a você. A nossa música está soando baixinho ali no canto, e ela faz com que eu te queira ainda mais. Eu não estou procurando nenhuma coincidência mirabolante que faça com que eu acredite em você ainda mais. Elas só existem.
 Ao meu redor, um abajur, um bando de canetas coloridas jogadas sobre a minha cama, eu e a nossa caixinha de música. Eu pensei em te escrever, perfumar com meu cheiro e lhe enviar. Seria mais bonito assim. Mas não tenho seu endereço. Acho que essa vai ser só mais uma daquelas cartas de amor que eu te escrevo mas não te entrego.
                          Mas não me entrego.
 É como se seus olhos estivessem acompanhando cada linha que essa caneta desenha sobre o papel. E você não está aqui. Eu posso senti-lo, lá no fundo... Venha mais pra perto, deixe-me alcançar-te!
 Ah, amor...

quinta-feira, 15 de novembro de 2012

Máquina de escrever - 32


Ando pelas ruas chutando as folhas que caíram da primavera e continuaram no mesmo lugar esperando que os ventos a levassem pra longe assim como eu desde que caí do seu colo.  Ando pelas ruas observando o sorriso das pessoas que passam, tentando achar nelas a felicidade que eu perdi quando te entreguei o meu coração. Procuro nas canções a nossa história, em outros, procuro você.  Sei onde se encontra, sei onde está. Sei o que faz e o que sente. Mas não posso ir atrás. Você precisa vir até mim. Precisa entender que preciso de mim como você precisa de mim.
Ando por aí entendendo o porque de tudo nesse mundo existir, porque se não existe você o resto só não tem muita graça. Porque você não ficou? Porque você não voltou? Porque não suportou do meu lado? Eu vejo tantas pessoas conseguindo o que sonham, vejo-as sorrindo por aí e parece tão fácil... A única coisa que é fácil pra mim agora é sentir a sua falta e imaginar você de volta comigo. Ando adiantando relógios, atrasando o por do sol pra ver se ele brilha por mais tempo. Ando olhando mais pro luar, que é pra ver se a beleza dele me faz te esquecer um pouco. Mas é bem pouco, porque logo quero você do meu lado pra ver a lua comigo.
Ando por aí querendo que você me visse, me sentisse, me amasse, me cuidasse. Ando por aí querendo que você se lembrasse, que você voltasse, que você deixasse, que você me amasse. Ando por aí querendo você cada vez mais, cada dia mais, cada minuto a mais. Ando por aí com mais saudade, com mais vontade. 

quarta-feira, 14 de novembro de 2012

Máquina de escrever - 31


Eu te conheço como mais ninguém. Eu sinto sua falta como mais ninguém. Penso em você o tempo todo. “Você ia gostar dessa foto, daquela paisagem, a letra dessa música se parece com a nossa, esse filme tem uma fotografia muito bonita, vamos a praia? Que música quer que eu cante pra você? Está tudo bem? Bom dia, boa noite, quer sorvete? Vamos sair?”... Você foi meu melhor amigo por três meses, e por mais três anos sem nem saber. Sempre que eu estive sozinho, eu te senti, sempre que estive no escuro, teus olhos brilharam. A sua presença na minha mente não deixou com que as lembranças de nós dois fosse embora, não deixou com que minha mão se esfriasse por mais longe que a sua estivesse. Eu acho que todo esse tempo sozinho me fez bem em muitos aspectos, mas por sua presença eu preferia não ter aprendido nada. Você podia me ensinar, eu só iria tirar total. Eu não digo que está tudo bem porque sei que se você estivesse do meu lado essa pergunta não seria nem mesmo necessária. A felicidade transpassaria meus olhos, o meu sorriso apareceria mais. A simplicidade seria mais complexa, o amor seria mais legal. Eu acordaria com um sentido a mais na vida, eu sentiria um pouco menos a sua falta e te queria ainda mais. O gosto da sua boca não saiu da minha até hoje, mas confesso que eu ainda queria provar da fonte. Queria não ter que te escrever mais nada, queria poder dizer tudo. Falar, com a boca, com os dentes, no teu ouvido, com as mãos nas tuas. Com o corpo no teu. Com o seu amor meu. Com meu mundo ainda mais seu.

quarta-feira, 7 de novembro de 2012

Máquina de escrever - 30


Você pisoteou tudo o que construímos e foi viver junto com ele. Você me procura vez e outra, diz que me ama, mas não sei se ele sabe disso. Não sei também se isso é verdade. Você vem, mexe com o meu coração e o deixa da forma que bem entende. Depois, você volta pra ele. E me deixa aqui. Você o leva pra todos os lugares onde eu e você costumávamos ir, vocês tiram fotos sorrindo, de mãos dadas, aos beijos... É pra me provocar? Você dizia que não seria feliz em lugar nenhum onde eu não tivesse. Você disse que me amaria pra sempre, você prometeu que nunca acabaria. Você disse que você pertencia a mim, e eu acreditei em todas as palavras. Em todas as promessas. Hoje, você as faz pra ele, enquanto riem juntos da minha cara onde nós fazíamos nossos piqueniques juntos, rindo de ninguém além de nós mesmos. Você foi embora e não houveram mais promessas, mais piqueniques, mais amores, mais abraços, mais ternura, mais carinho, mais nada. Nunca houve mais você. Nunca houve mais nós. 

sábado, 3 de novembro de 2012

Máquina de escrever - 29

"... A partir daquele telefonema, vieram outros. Junto com aquele primeiro encontro, vieram mais muitos, junto com muitos beijos, abraços, carinhos e cumplicidade. Já estávamos saindo há oito meses, quando começamos a namorar. Fomos a uma boate, e quando saímos de lá, já de madrugada, fomos ao McDonald’s da Savassi. Quando eu me dirigia ao caixa para fazer o meu pedido, ele me mandou sentar. Disse que já sabia meu pedido de cor e salteado e que ia pedir pra mim, enquanto eu guardava a mesa. Fiz o que ele pediu e fui pra mesa. Alguns minutos depois, ele chegou com o meu hambúrguer. Como de costume, veio com um adesivo fixado que dizia “especial pra você”, já que o meu pedido vinha sem salada. Notei que tinha um coraçãozinho desenhado de caneta vermelha no adesivo, mas quando abri a caixa... Meu coração parou. Lá dentro, tinha algo muito melhor do que um hambúrguer, melhor do que as batatas, melhor do que tudo do cardápio. Era um porta aliança. Com uma aliança dentro. E uma carta. Olhei praquilo, olhei pra ele, que estava com o sorriso mais fofo do mundo, provavelmente ao ver minha reação. Os olhos dele brilhavam, só não mais que o meu. Fui direto na carta, que dizia:
... Oito meses! 35 semanas! 246 dias! Cerca de 130 encontros. Inúmeros beijos. Incontáveis abraços, infinitas ligações. Muitos “Eu te amo”. 2 pessoas, um coração, um sentimento. Eu e você. Amor. Eu queria te encontrar todos os dias, te ligar todas as horas, de beijar a todo minuto e te abraçar o tempo todo. Mas você ia gostar de mim? Se eu fosse ainda mais grudento? Mais apaixonado? Se eu pudesse fazer isso, não desgrudar de você... Você ainda ia gostar de mim? De nós? Desde aquele dia, oito meses atrás, no cinema... Você disse que queria viver uma cena como a daquele filme, lembra? Acho que essa cena virou mais que um filme, um seriado. Está sendo tudo como você queria? Melhor? Pior? Lembra do que eu te disse? Que eu queria alguém? Pra dormir sonhando com ela, e acordar sabendo que ela estava pensando em mim... Eu não poderia ter encontrado alguém melhor que você. Alguém que eu ame mais, que eu queira mais. Eu queria que você soubesse que oito meses atrás, o meu coração batia mais forte enquanto eu te beijava naquele cinema. E ele bateu cada vez mais forte em cada um daqueles beijos. Cada uma daquelas cenas, que nós assistíamos, idealizávamos e vivíamos. Cada abraço, cada cafuné. Cada música e cada CD que fez a nossa trilha sonora. Eu queria ser capaz de contar todos. Mas é que eu me perco, quando estou com você. Eu quero me perder ainda mais. Eu quero estar com você ainda mais. Quero você ainda mais. Preciso de você ainda mais. Você aceita namorar comigo?Eu senti que meus olhos estavam cheios de lágrimas. Eu olhei de novo pra ele e vi que ele mal respirava ansiando uma resposta minha. Vi que algumas pessoas estavam nos olhando.  Não sei quem estava mais feliz, e eu sentia que tinham fogos de artifícios, dos mais bonitos, explodindo dentro do meu peito. Eu tentei falar alguma coisa, mas comecei a gaguejar e eles riram. Eu simplesmente peguei a aliança que continha o nome dele, gravado. Coloquei-a no meu dedo, peguei a mão dele, o outro anel e coloquei no dedo dele e disse: - Se depender de mim, essa aliança de namoro só sai do meu dedo pra aliança de casamento entrar. É claro que eu aceito namorar com você. Eu quero passar cada segundo da minha vida com você. Eu preciso de você do meu lado, hoje, e sempre!"

Um amor, um café e Nova York - Augusto Alvarenga.

Máquina de escrever - 28


Vamos, ligue a tv. O jantar já está quase pronto, e antes disso temos mais alguns minutos a sós. Porque você não se acomoda aí no chão mesmo? Se quiser, podemos jantar por aqui, assim não precisamos sair do lugar. Meia noite, não tem nada de bom na tv. Mas tem alguma coisa boa do teu lado. Aqui em mim. Porque não tira os olhos da TV e os coloca em mim? Tira suas mãos do controle remoto e coloque-as na minha nuca. Você sabe que isso me arrepia. É isso que eu venho sentindo a noite toda, arrepio. Quanto mais os seus lábios se aproximam do meu, meu coração bate. Temo até que você possa ouvi-lo. O maior perigo agora é que seu corpo cole no meu e eu não queria que ele se descole nunca mais. Isso queimaria o jantar. Mas traria um benefício ou outro. Ou muitos.

quinta-feira, 1 de novembro de 2012

Máquina de escrever - 27


Eu queria estar com você todos os dias. Nos frios, e nos menos frios. Eu queria estar com você em todos os lugares. No cinema, em casa, na cama, na rua, na mesa, no banho. Eu quero ouvir todas as suas histórias. As com graça. As sem. As sem jeito, as inventadas. As passadas, as atuais. Queria secar suas lágrimas. As felizes e as tristes. Queria fazer você rir. De mim e por mim. E comigo. Eu queria te ajudar a escolher um moletom, um tênis. Um prato no cardápio. Um vinho, um refri. Uma viagem, um travesseiro. Um filme e uma bebida quente. Leite com café ou com chocolate? Tanto faz. Comédia ou terror? Qualquer um. Desde que você não desgrudasse de mim.

Máquina de escrever - 26


 Eu estava assim, vagando. Eu me procurava onde eu não devia. Eu olhava pra espelhos quebrados pensando que o que eu via ali era o meu reflexo perfeito. Mas aí, um dia... Desses comuns. Eu te disse uma palavra e você disse outra de volta. E nós não precisamos forçar nada pra que isso acontecesse. Eu fui te ver. Droga, como eu estava nervoso! Nós tínhamos 10 minutos. 10 minutos dá pra conversar bastante. Mas não deu. Eu engoli as tentativas de diálogo e minha palavras fugiam da minha boca a tal velocidade que elas podiam vencer a fórmula 1. 2 Minutos. Talvez menos. Foi o que eu consegui ficar perto de você. Eu queria ficar mais... Ah, como queria. Mas eu não pude. O magnetismo que me puxava me expelia. A forma como você me tocou, me abordou... “ O que você está fazendo perdido aqui?” você perguntou. E olha, eu não estava perdido até eu virar e me deparar com seus olhos. E seu sorriso.
 Os abraços e aquelas sensações todas me fizeram querer mais. Eu precisava te ver de novo, ter mais algo pra falar com você. E fui. Pensei mil vezes ‘fique calmo, calmo, calmo. Tudo vai dar certo.’. Eu cheguei lá e você não estava. Mas quando chegou... Era como se junto tivesse vindo um vendaval. Um vendaval bom. Quando me viu, você pareceu desconsertado. E como eu queria consertá-lo de volta. Dessa vez, você quem estava sem graça. Derrubou o que tinha no caminho e me olhou vermelho, envergonhado. Como podia ficar ainda mais bonito? Eu estava calmo (o mais calmo que pude), já você, um furacão. Como se toda a minha afobação de dias atrás tivesse, dessa vez, caído em você. E do jeito que eu fugi, dizendo que eu tinha hora marcada, você se foi, dessa vez sem se despedir. Gritou um “até a próxima”. Desnecessário, a essa altura do campeonato, me fazer tremer. Se eu caísse, você não estaria mais não por perto para me segurar. E eu quem ficaria vermelho dessa vez.