quinta-feira, 25 de abril de 2013

Máquina de Escrever - 55

E você tem todas essas coisas que acabam comigo: esse sorriso, esse jeito de me olhar, de me tocar, de me abraçar, de me beijar. Por quê, porque é que você foi aparecer, me diz? Se fosse pra ficar, ficasse. Se fosse pra desaparecer, não viesse. É, você tem tudo. Tudo de bom. Tudo o que eu quero. E isso tudo é um acumulo que me derruba. Você é toda essa barreira que eu não consigo derrubar, escalar ou adentrar. É, eu sinto muito. E sinto ainda mais, por você sentir tão de menos. 

quarta-feira, 24 de abril de 2013

Máquina de Escrever - 54

Eu só fico aqui pensando em você. É tanta coisa, eu acho que você ia gostar de viver tudo. Repetir aquela guerra de travesseiro, várias vezes. Fazer guerra de pipoca. Quem ganhar, dá um beijo. Assim ninguém sai perdendo. Penso na gente indo junto pra todos os lugares, pra cinema, teatro, shopping. Nos nossos programinhas caseiros, em nós dois agarradinhos nos dias chuvosos e mais agarradinhos ainda nos frios. Eu vejo nossas brigas, e as reconciliações. São sempre motivos tão bobos, mas que valem pelo beijo e pelo "larga isso pra lá, eu não consigo viver sem você e é o que importa". Eu penso nos momentos de silêncio, onde só estar ao lado um do outro já basta. E nos momentos de ausência, onde sua imagem na minha cabeça é o suficiente. Eu penso nos telefonemas no fim do dia, nos beijos roubados, nos olhares discretos, nos indiscretos. Eu vejo você me esperando na escada da minha casa, e eu abrindo o maior sorriso ao te ver. Eu penso em tudo, em tanto. Depois de tudo a gente casa, do nosso jeitinho, da nossa maneira. Vai pro nosso cantinho se amar, e depois decidimos mudar a cor da parede. Vamos precisar de mais tinta, porque vamos nos sujar mais do que pintar a parede. Eu me vejo com você daqui a muito tempo, muito mesmo. Quando muita coisa passar, muitas vierem e passarem de novo. A única coisa que vai ficar vai ser o nosso amor, o nosso carinho, a compreensão e a amizade. Ah, meu bem, eu penso tanto... Eu sinto tanto. É tudo uma pena. É uma pena eu querer você demais e você me querer de menos. É uma pena ver você fechando a porta para o nosso bem. Mas tudo bem, eu acostumo. Eu passo a pensar menos, e a querer menos. Quem sabe um dia você não bate de novo na minha porta e ela ainda está vazia... Quem sabe, eu não fico te esperando na sua escada... Quem sabe?

Máquina de Escrever - 53

Não sei porque insisto em me lembrar de você, as coisas boas me vem a cabeça e eu já fico pra baixo. Eu entendo que tivemos bons momentos, mas acaba comigo ter que aceitar que eles ficaram para trás. Quando nos conhecemos, você me prometeu que íamos caminhar lado a lado. Tudo bem que em uma caminhada, muita coisa fica pra trás, mas coisas boas chegam também. Cada dia que passa eu me sinto mais distante de você, cada dia que passa as lembranças são cada vez mais lembranças. Eu fico tentando te puxar pra perto mas você não vem. Se estamos então, em ruas distintas, "eu só quero saber em qual rua a minha vida vai encostar na tua".

domingo, 21 de abril de 2013

Você prometeu que não mudaria...



 Pelo simples motivo de não conseguir te decifrar totalmente, eu não consigo te olhar muito nos olhos, porque eu tenho medo de você arrancar dos meus tudo o que eu quero esconder de você, rs. Mas vou contar nessa "carta".

 Sabe o que eu acho? Que a gente nasceu mesmo pra estar junto. Sei que é uma idiotice isso de nascer pra alguma coisa, pode ser que a gente não nasça pra merda nenhuma, mas as vezes algo dá tão certo que a gente sente que é isso o que sempre deveria ter sido.
E eu sinto isso com você. Porque? Porque eu fico a cada 5 minutos olhando o meu celular atrás de uma mensagem sua, quando eu te vejo o meu coração sorri, por mais que minha bochecha nem mexa. E as vezes, elas se abrem num sorriso por mais que eu não queira.
Eu não consigo me conter muito quando eu estou do seu lado, e eu sempre, SEMPRE tenho vontade de te dar carinho, de escorar em você, de fazer um cafuné. E o seu sorriso? Eu amo. O seu olhar? Me desconcerta.
 
 E é tudo tão estranho... Porque eu me vejo com você no futuro, sejam meses ou anos... Andando juntos, cambaleando bêbados e berrando besteiras. Eu rindo da sua risada e você rindo da minha cara de idiota.
E isso é tão coisa de amigo, não é? Mas eu também vejo que por trás dessa amizade tem um puta desejo escondido, e que por mais que a gente tente esconder, ela escapa as vezes. Eu vejo isso em olhares trocados, em beijos roubados, em sussurros e até em palavras não ditas.
 Eu me vejo sofrendo muito por sua causa e também vejo você sofrendo por minha causa, seja com raiva ou só chateado. Mas eu vejo também a gente correndo pra ver um ao outro e dando aquele mega abraço, de amigo, de irmão, de alma gêmea. Eu sinto a saudade batendo no nosso peito mesmo quando a gente estiver ocupado demais pra estar um com o outro.
 Eu me vejo no telefone com você em uma hora bem tarde, você chorando na linha reclamando de algo que perdeu. De um amor, de um tempo, ou de algo que simplesmente não notou e que estava bem na sua cara. Eu me vejo tentando te contar os meus problemas mas me esquecendo de todos eles quando eu te encontro. Eu me vejo completamente perdido do seu lado, querendo seu abraço e desejando aquele seu beijo roubado.

 Eu vejo nós dois deitados num chão, numa sala pequena, vendo um filme e jogando pipoca pro alto, aquela bagunça total. Eu sinceramente vejo um futuro brilhante pra nós dois.
Mas eu vejo coisas que só eu vejo, rs.
 Eu sinceramente acho que nós nunca vamos namorar, nunca. Você nunca vai querer, sempre vai achar arriscado demais, sempre vai pensar mil vezes antes na amizade que temos a perder. Por mais que eu queira muito que isso aconteça, eu sinto as vezes que é inútil lutar por isso, que eu não devo tentar fazer nada, e não dar nem mais um passo pra perto de você... Mas eu já pulei o meu muro de proteção a muito tempo, rs.
Na verdade, você quem me tirou de lá. E não me arrependo, não. Nós vamos brigar muito, discutir... Mas sempre vai ter algo muito mais forte do que isso que nunca vai deixar a gente longe.
 Eu vejo você chegando e me apresentando o seu novo amor, e eu abrindo o maior sorriso torto e amarelo só pra te agradar. Mas eu sempre vou fazer isso porque eu nunca quero sair de perto de você. Porque eu quero ser o primeiro a te segurar quando você ameaçar tropeçar.
 Porque eu sei que provavelmente só teremos amizade. Mas o que é mesmo uma amizade sem amor? E um amor sem amizade? Sou idiota por ter falado tanta coisa e ter cuspido isso tudo pra fora de mim, mas tava me engasgando, e eu prometi ser sincero com você.
E eu vou ser sempre.
 E se você mudar comigo pelo que eu te disse agora, eu te encho de porrada. Porque você prometeu que não mudaria...

                                                                                           E eu não mudarei também.

Máquina de Escrever - 52

Cada dia, cada mês, a cada ano que se passa as coisas ficam mais sérias. E eu me pergunto como será no futuro. Se é impossível prever, como se preparar? Tudo é mais intenso, mesmo quando você não quer estar no olho do furacão. As vezes você só precisa de uma rede, mas aí se lembra de que não tem ninguém pra balançar você, enquanto um dia alguém já se deitou em uma com você. Você vê todos aqueles romance, todos aqueles filmes, escuta todas aquelas histórias de amor que já tiveram um ou mais capítulos ou cenas da sua vida. Você se lembra de tudo com tamanha intensidade, que queria perder toda a memória. Porque quando o momento de sonho acaba, o que te chega é uma realidade gélida. Mas não, ninguém vem te cobrir. Talvez isso tenha acontecido um dia, mas não agora. Poxa vida, tudo não passou de um minuto ou dois. De um dia ou dois. Foram só um beijo ou dois. Mas cada segundo que te abracei (ou quis fazê-lo) me acompanharam pra sempre, mesmo que você não. Hoje eu preparo o mesmo misto-quente, mas um só, só pra mim. Fica um lado vazio na sanduicheira. E um lado vazio na cama que um dia, você ocupou. Fica um vazio na minha mão, onde um dia seu cabelo passou. Fica um vazio no meu ombro, onde você uma vez tocou. E um vazio no meu coração, que um dia você habitou, mas quis se mudar.

Conto - Vai Que Dá Certo.


 Ela não era a menina mais linda que eu já tinha visto, ela não tinha o melhor corpo e nem o melhor nada. Mas ela era especial só por ser ela. E eu gostava da forma como ela falava. Eu gostava do jeito com o qual ela me fazia rir sempre. Talvez fosse o jeito dela, nada especial comigo. Mas eu ainda assim gostava. Gostava muito. Eu já tinha tido a oportunidade de conversar com ela muitas vezes, talvez fôssemos até amigos. Eu não sei o que deu em mim, talvez aquele “um minuto de coragem insana”, sei lá. Eu só sei que eu fui até ela, naquele banquinho de praça, as folhas da árvore caindo enquanto o sol se punha. Eu me sentei ao lado dela e disse:
- Oi. Você está bonita.
- Ah, oi. Não minta pra mim – Ela respondeu e gargalhou, meio que fazendo piada dela mesma. – Você também está bonito.
- Não estou mentindo – retruquei. – Tem algo que eu quero que você saiba. Eu não sei bem como dizer isso, mas vou falar da forma que parece mais correta, tudo bem?
 - Tudo bem... Eu acho – Ela disse, com um olhar meio curioso e meio confuso.
- Eu gosto de você.

Eu mal podia acreditar naquelas palavras saindo da minha boca, eu sentia o meu corpo todo tendo várias reações que eu talvez nunca tivesse sentido antes.
- Ah, obrigada. Eu também gosto de você – Ela disse rindo.
- Não, acho que você não entendeu. Eu gosto mesmo de você, gosto muito. Mais que um simples gostar, desses de amizade. Gosto demais. Entende?
- Ah, droga. – Ela respondeu desvencilhando o olhar. – Eu também gosto de você. Gosto mesmo. Mas como amigos... Eu amo outra pessoa. – E entortou os lábios, como quem faz uma cara de “sinto muito”. Eu estava triste, não sei. Talvez eu ainda nem tivesse processado a informação, quando eu disse: - E há esperanças?
- Como assim, esperanças? –Ela perguntou
- Com ele. Você tem esperanças? Vocês estão juntos de alguma forma?
- Não sei... Eu estou junta a ele mas não sei se ele está junto a mim.
- Como assim? – Eu perguntei, visivelmente confuso.
- Eu gosto dele. Eu estou presa a ele pelo simples fato de gostar dele e isso não me é o bastante, mas é o que eu tenho. Ele não está preso a mim mas não sei se eu sei o porque.
- Que estranho.  Digo, se você está presa a ele, ele deveria estar a você também...
- É, talvez eu concorde. Mas não é assim que as coisas funcionam.
- E a esperança? Existe? – Tornei a perguntar.
- Quanto a mim e a ele? – Ela perguntou.
- Sim. Existe alguma?
- Talvez não. Talvez sim. Nada concreto. Nada a que eu possa me agarrar. Nenhuma promessa, nenhum contrato. Eu o amo. Acho que é isso. E enquanto há amor, há esperanças. Então, talvez eu possa dizer que sim. Enquanto o mundo diz não.
- O mundo diz não? – Perguntei confuso. Ela não fazia feição alguma, ela parecia falar de sua rotina, de algo normal, comum e tranquilo, não da esperança (ou de sua falta) de ficar com seu amor.
- Sim. Tudo diz não, o tempo todo. Olhe pros lados, tudo o que você ver, está dizendo não. Está dizendo que o amor não dá certo. Que ele não vai ficar comigo. Que por algum motivo não sou boa o bastante para tê-lo. Ou talvez eu seja mas ele não vai notar. Sei lá, há inúmeros motivos pra dar tudo errado. 99,9% de motivos negativos.
- Então porque você tem esperança?
- Pois é o que me resta. Se eu simplesmente aceitar que não nos há futuro como eu quero, que não nos há escolhas, que não nos há alternativas, saídas... O que seria de mim? Como seria acordar todos os dias pensando nele, e logo pensando que nada que eu possa fazer trará ele pra mim? É meio cruel, não é? Eu não conseguiria encará-lo com os mesmos olhos. Seria como ver uma parte perdida, algo que eu nunca terei e nem alcançarei. Posso parecer confusa, mas seria ainda mais confuso sentir isso. Por isso, me dou a esperança. De que um dia vou tê-lo. Assim, vou dormir mais feliz. Tenho com o que sonhar. Quando acordo, penso nele. Tenho em quê pensar. Coisas boas. Ele me faz bem, assim, involuntariamente. E quando ele não faz, eu penso nele e fico bem. Parece loucura, mas não é. A ideia de poder amá-lo pra mim já é reconfortante. E se um dia eu tê-lo em minhas mãos, saberei o que fazer pela nossa alegria. E enquanto eu não tiver, eu vou sonhando. E se esse 0,01% que diz que vai dar certo, está certo? Vai que acontece?




- Augusto Alvarenga. - Ilustração por Ana Carolina.

domingo, 7 de abril de 2013

Máquina de escrever - 51

Promete pra mim que vamos nos manter assim. E se for pra mudar, que seja pra melhor. Promete pra mim que vamos ficar conversando por mensagens como se não houvesse amanhã. Promete pra mim que vai contar comigo pra tudo o que você precisar. Promete que vamos continuar a tirar e enviar fotos um pro outro. Promete que vai confiar em mim. Promete que eu vou poder ser o seu melhor amigo. Promete que vai deixar eu mudar a sua vida, promete que vai mudar a minha. Promete que as nossas tristezas não vão durar nada, pois a presença um do outro vai ser constante em ambas as vidas. Promete que vamos viajar, que vamos velejar... Que vamos viver muito. Que vamos arriscar, riscar e respirar. Respirar livre, calmo. Promete que vamos esquecer, que vamos crescer. Promete que não vai me deixar pra trás. Promete que não vai acabar. Promete que essa cumplicidade vai ser infinita. Promete que vai me ver toda semana. Promete que podemos almoçar juntos vez ou outra... De preferência, muitas vezes. Promete que só vai melhorar. Promete pra mim. Promete que não vai piorar. Promete e cumpre.