segunda-feira, 13 de maio de 2013

Máquina de escrever - 58


 Veja bem, querido amor. Eu nunca esperei que você ficasse comigo. Na verdade, eu esperei sem esperar. É que a gente sempre cria a expectativa “sem criar a expectativa”, a gente sempre quer o que não pode ter. Veja bem... Agora, eu estou aqui, a desejar mais uma vez, você. Um segundo round, um segundo shot... Um replay, um “vale-a-pena-ver-de-novo”. Mas vale? Vale mesmo?

 Duas noites são capazes de muita coisa, isso é verdade. Muda tudo, uma vida. Eu sempre pensei que arriscar, se deixar levar, curtir o momento e coisas assim fossem importantes, isso não foi menos verdade com você. Afinal de contas, se tinha um jogo que eu queria jogar era o seu. Eu não conseguiria, apesar de tudo, sair dali sem saber o gosto da sua boca. E eu tive que provar. Tenho que confessar, eu gostei. Gostei demais. Mas e agora?

 Acho que a nossa “amizade colorida” deveria ter durado mais. E ter sido... Digamos, mais colorida. Agora a minha vida virou um blues que só. Oh, e que “só”. Acho que nem o seu sorriso mais é o mesmo... E o meu? Será que dá pra devolver? Ou melhor, não, não devolve. Trás de volta. Aproveita e fica. Fica por aqui mesmo, mais um mês ou dois. Vamos de sonhos em sonhos, de tardes em tardes, de capítulos em capítulos de uma cena pra outra. Vamos de noites em noites, só não me deixe quando a manhã chegar. De novo.

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