quinta-feira, 6 de junho de 2013

Conto - A Hora De Dar Tchau.

 - Porque você foi embora?
- Eu não sei. 
- Como pode não saber?
- Não sabendo. Achei que seria o melhor.
- Porquê?
- Não sei.
- Droga. E porquê você veio, então?
- Porque eu precisava.
- Já teve o bastante?
- Acho que sim.
Houve um silêncio ensurdecedor. Daqueles que só quem cala ou escuta sente. Eu projetei o olhar pra minha sombra, esticada no chão... Ela parecia escura e fria. Só não menos que o momento.
- E eu?
- Você o quê?
- Não que seja problema seu... Mas já que me trouxe até aqui... Bom, como eu faço pra voltar?
- Eu não sei.
- Você não sabe porque veio, não sabe porque está indo embora, não sabe o porque não fica e não sabe como me levar de volta? Porque você me trouxe aqui afinal?
- Droga, eu não sei!
- Isso é um jogo, não é? Eu não sei se é, mas não quero mais brincar. Eu não sou você. Eu não sou um jogador! Eu não vou entregar o meu coração a prêmio... Nem mesmo pra você. Eu estou voltando.
Ele pareceu confuso. E eu me encontrei perdido. Eu não conhecia mais aquele olhar, eu não me sentia mais seguro naquela presença. E quando antes naqueles braços eu queria estar, eu agora não me sentia mais seguro. Eu me senti zonzo, confuso... Respirei fundo e continuei a deixar o que fosse que estivesse dentro do meu peito sair, sem me importar.
- E não, eu não sei o caminho. Mas eu o encontro. Eu te encontrei. E olhe só onde viemos parar... No nada. Você se imaginou aqui? Eu não. E não é onde eu quero estar. Estar na sua presença não me causa mais bem algum... E você por si só já me causou mal demais.
Foi então que ele me olhou, nos olhos. E eu mais uma vez tive um pequeno arrepio, daqueles que sempre me atingiam quando ele me olhava. É difícil quando o amor te olha assim... E quando você tem medo de que ele arranque todos os seus segredos com um só olhar... Mais nesse momento eu não tive medo. Eu não queria esconder mais nada. Ele olhou pra baixo, para as minhas mãos... A tocou com as dele e levantou a certa altura. Me olhou novamente, com aqueles olhos de refletir constelações e ameaçou dizer algo que eu não me permiti ouvir. Se ele havia se calado a tanto tempo, não havia de ser nada importante agora, a esse ponto. E eu não ia mais ficar confuso. Eu o olhei firme, olhei bem firme para o meu amor e mal pude acreditar no que eu dizia:
- Sabe... Uma hora a gente percebe que não há mais o que fazer... Que não há mais o que dizer, que não há mais o que tentar. E por mais que eu sempre pense que eu deveria ter feito isso ou aquilo pra tentar te manter, eu não vou mais me torturar com isso. Porque eu sei que na verdade, não há mesmo nada que eu possa falar ou fazer, você deveria querer por tudo o que já houve. Eu só queria que você me pedisse pra ficar. Mas você não vai. E você não vem. Mas eu me vou. Se você não me queria aqui, quem não quer mais ficar sou eu. E eu vou embora... Adeus.

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