quinta-feira, 6 de junho de 2013

Máquina de Escrever - 64

Eu estou com raiva de mim. Por sua causa. Eu não gosto mais dos seus abraços. Você se lembra do quanto era bom quando você me abraçava? Eu só ficava ali, quieto, sentindo você, seu cheiro. E olha só agora... Eu te abracei bem rapidinho, porque era perigoso eu querer não largar mais... E agora eu não consigo dormir porque o seu cheiro está em mim. Logo, eu não consigo te esquecer também. E me dá raiva. Mesmo. Eu fico repassando todos os diálogos na minha mente, cada olhar que eu te dei, cada toque que você me deu. E deu nos outros. Pela primeira vez eu quis correr pra longe de você. Enquanto tudo o que eu sempre quis foi correr pra perto. Mas você não queria deixar, não é? O lugar estava quente e eu suando frio, querendo me esconder. Sem apetite, sem sede, sem vontade de nada. Quando eu consigo ir logo pra saída, quase desabando dentro de mim mesmo, você me alcança e puxa um assunto qualquer. Depois de tudo, você insiste em querer colocar seus olhos nos meus, por mais que eu queira correr... E quando você me pergunta: "Mas e a sua vida? Como você tá? Você tá feliz?"... Não, não estou. É óbvio que eu não estou, não consegue ver? Mas tudo que eu respondo é um "ah, é claro" com a cara mais convincente? Ok, talvez não, pois não te convenceu muito. Ainda assim, o que você fez? Nada. Me pediu pra ficar mas depois me deixou sair. Me virou as costas como se faz a uma sombra. Estou bem? Estou feliz? Não. Mas vou fingir estar até que eu convença a todos e a mim mesmo.

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