quinta-feira, 16 de julho de 2015

O que é que aconteceu com a gente?

O que é que aconteceu com a gente?

Semana passada, fui ler um texto e lembrei de você. Anteontem, ouvi uma música e lembrei de você. Hoje, fui ler os bilhetes antigos e quase senti seu cheio.

O que é que aconteceu com a gente?

Tinha tudo pra ter dado muito certo. Tínhamos todos aqueles gostos em comum. As conversas duravam horas. Os assuntos eram intermináveis. Meu interesse por você só crescia, foi você quem me chamou pra sair.

Era pra ter dado certo, né?

Você do nada pegou na minha mão na escada rolante. Você quem segurou o abraço. Você quem comentou sobre a lua. Você que chegou perto da minha nuca. Você sentiu meu cheiro primeiro. Foi você quem me deu o bombom, foi você quem contou a primeira piada. Você quem segurou minha mão antes que eu pisasse na avenida com o sinal fechado para mim, foi você que mandou aquela música que, entre outras coisas, dizia que via algo em mim.

Onde foi parar?

Você sabia onde eu estudava, onde eu pegava o metrô ou o ônibus. Se quisesse me matar, poderia. Você sabia meus horários e meus compromissos, você conhece meus lugares favoritos, eu te levei em quase todos. Eu esperei por tanto tempo que você aparecesse de novo, mas não aconteceu. É claro que não aconteceu.

Por que não aconteceu?

Onde a gente se perdeu? Ontem fui ao lugar que nos vimos pela primeira vez. Estava lotado, mas dessa vez não tinha chuva. Achei que ia ser mais fácil de te ver – seria se você estivesse lá. Onde você tem estado? Escondido numa toca? Essa cidade não é tão grande assim. Chegamos a comentar sobre alguém que eu conhecia que conhecia alguém que conhecia alguém que conhecia alguém e que conhecia você. Agora, ninguém te viu. Ninguém te vê. Nem eu.

Uma hora dessas, estaríamos juntos.

Podia ser tomando um sorvete, vendo um filme muito ruim. Nós nunca importamos muito com isso, né?! Talvez, estaríamos engordando juntos ou falando pelo telefone. Falando em telefone, você ainda sabe meu numero? Deve ter esquecido, né?! Você nunca ficou tentado em discar e perguntar como eu estava? Eu tive que te deletar não só da minha mente, mas dos meus dedos também. Esqueci de quantas vezes eu parei uma mensagem na metade da sentença, ou de quantas vezes eu cancelei uma ligação antes do primeiro bipe.

Mas parece uma ironia,

Por que antes que a nossa sentença fosse estabelecida, a gente acabou. Antes que eu realizasse todos aqueles planos que fazíamos juntos, você foi ser feliz sozinho. Antes que o futuro viesse, ele acabou não vindo.

E agora ficou o presente

E daqui de onde estou, ainda não consegui deletar, cancelar, esquecer, terminar nada que tinha com você. E por mais que eu não aperte o “enviar”, todos os meus sentimentos fluem em formas de palavras que você jamais vai ler, e eu jamais vou dizer. Coube a mim digitar, revisar, salvar, arquivar.


Mas nunca chego na parte do “esquecer”. 

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