O que é que aconteceu com a gente?
Semana passada, fui ler um texto e lembrei de você. Anteontem,
ouvi uma música e lembrei de você. Hoje, fui ler os bilhetes antigos e quase
senti seu cheio.
O que é que aconteceu com a gente?
Tinha tudo pra ter dado muito certo. Tínhamos todos aqueles
gostos em comum. As conversas duravam horas. Os assuntos eram intermináveis.
Meu interesse por você só crescia, foi você quem me chamou pra sair.
Era pra ter dado certo, né?
Você do nada pegou na minha mão na escada rolante. Você quem
segurou o abraço. Você quem comentou sobre a lua. Você que chegou perto da
minha nuca. Você sentiu meu cheiro primeiro. Foi você quem me deu o bombom, foi
você quem contou a primeira piada. Você quem segurou minha mão antes que eu
pisasse na avenida com o sinal fechado para mim, foi você que mandou aquela
música que, entre outras coisas, dizia que via algo em mim.
Onde foi parar?
Você sabia onde eu estudava, onde eu pegava o metrô ou o
ônibus. Se quisesse me matar, poderia. Você sabia meus horários e meus
compromissos, você conhece meus lugares favoritos, eu te levei em quase todos.
Eu esperei por tanto tempo que você aparecesse de novo, mas não aconteceu. É
claro que não aconteceu.
Por que não aconteceu?
Onde a gente se perdeu? Ontem fui ao lugar que nos vimos
pela primeira vez. Estava lotado, mas dessa vez não tinha chuva. Achei que ia
ser mais fácil de te ver – seria se você estivesse lá. Onde você tem estado?
Escondido numa toca? Essa cidade não é tão grande assim. Chegamos a comentar
sobre alguém que eu conhecia que conhecia alguém que conhecia alguém que
conhecia alguém e que conhecia você. Agora, ninguém te viu. Ninguém te vê. Nem
eu.
Uma hora dessas, estaríamos juntos.
Podia ser tomando um sorvete, vendo um filme muito ruim. Nós
nunca importamos muito com isso, né?! Talvez, estaríamos engordando juntos ou
falando pelo telefone. Falando em telefone, você ainda sabe meu numero? Deve
ter esquecido, né?! Você nunca ficou tentado em discar e perguntar como eu
estava? Eu tive que te deletar não só da minha mente, mas dos meus dedos
também. Esqueci de quantas vezes eu parei uma mensagem na metade da sentença,
ou de quantas vezes eu cancelei uma ligação antes do primeiro bipe.
Mas parece uma ironia,
Por que antes que a nossa sentença fosse estabelecida, a
gente acabou. Antes que eu realizasse todos aqueles planos que fazíamos juntos,
você foi ser feliz sozinho. Antes que o futuro viesse, ele acabou não vindo.
E agora ficou o presente
E daqui de onde estou, ainda não consegui deletar, cancelar,
esquecer, terminar nada que tinha com você. E por mais que eu não aperte o “enviar”,
todos os meus sentimentos fluem em formas de palavras que você jamais vai ler,
e eu jamais vou dizer. Coube a mim digitar, revisar, salvar, arquivar.
Mas nunca chego na parte do “esquecer”.
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